.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

NO QUIOSQUE

© João Menéres


FOI EM 1973 QUE COMECEI A FOTOGRAFAR A
CIDADE DO PORTO.
ESTE MENINO TINHA ENTÃO 8 ANOS E
FOI O MEU PROTAGONISTA E COMPANHEIRO PREFERIDO
NAS VOLTAS QUE ENTÃO DAVA AO
DOMINGO DE MANHÃ.

DE SEU NOME, JOÃO NUNO, É O MEU FILHO MAIS VELHO.

PELO SEU INTERESSE, ACRESCENTO A HISTÓRIA DO QUIOSQUE, TRANSCREVENDO DO BOLETIM DA
CÂMARA MUNICIPAL DO PORTO
PORTO.
"O icónico quiosque que muitos julgavam perdido está de volta e quase operacional ao seu lugar de origem, o Largo de Mompilher, no entroncamento das ruas do Dr. Ricardo Jorge e da Picaria, de cuja paisagem urbana faz parte desde há quase 100 anos.

Classificado como Imóvel de Interesse Municipal, o único quiosque privado da cidade (os restantes são concessionados) acaba de ser reabilitado pelos novos proprietários, com supervisão dos serviços municipais do Património Cultural, na sequência do incêndio que o afetou.

A estrutura hexagonal de madeira ardeu em junho de 2014, pouco depois de mudar de proprietário, entrou em degradação e foi alvo de vandalismo, acabando por ser removida pelos serviços municipais em janeiro de 2016.

Conhecida como Quiosque Japonês, devido ao aspeto oriental da cobertura, esta construção em estilo romântico, pintada de vermelho e branco, está já a ser reinstalada no seu local de origem e fica pronta ainda nesta semana. Dentro de um mês, deverá retomar a atividade prevista no regulamento de quiosques do Município do Porto, podendo também vir ali a ser feita a venda de bebidas e de comidas pré-embaladas.

A instalação do Quiosque Japonês no Largo de Mompilher data dos anos 30 do século passado, altura em que substituiu o ali existente em ferro desde 1910. Na época, quando o primitivo Largo da Conceição passou a chamar-se Largo da Picaria, os quiosques eram não só pontos de venda de jornais e tabaco, mas também locais de encontro de artistas, escritores e mesmo de aristocratas. Aliás, o rebatismo com o nome de Largo de Mompilher aconteceria em 1942 por referência à afinidade cultural portuguesa com a Universidade de Montpellier, em França.

Com o regresso do quiosque, aquele largo portuense recupera um importante elemento característico que lhe confere uma mais vincada identidade enquanto local de fruição e não somente de passagem."

28 comentários:

  1. As calças à boca de sino, do pequeno jovem, definem uma época e acabariam por sinalizar no tempo este instantâneo feliz, numa zona que eu, quase mensalmente, frequentava com a minha Mãe, vinda a compras, de Guimarães.
    Os meus cumprimentos pela singularidade e beleza da fotografia.
    Bom dia.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pela simpatia do comentário.
      Pois este menino deu-me duas netas, uma universitária e a mais nova é pré !).
      Como o tempo voa...

      Eliminar
  2. Muito interessante a história desse quiosque, que realmente tem um aspecto muito oriental [embora sem as cores do FCP ;)]
    E que revista estaria o jovem João Nuno a comprar?
    Aposto que o pai João já não se lembra...

    Boa Sexta!
    🌻

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Hoje está pintado à S.L.B !
      E bem, quanto a mim, sportinguista de gema.
      O encarnado é mais próprio, digo eu...
      Lembra-se muito bem, E o filho também !
      - Eram cromos, Maria !

      Um beijo amigo e boa sorte para o teu trabalho do 500 !

      Eliminar
    2. O bom das fotografias é que ajudam a manter as memórias; quantas recordações 'saltam' ao olharmos fotos antigas...
      Não sei se compreendi bem "o trabalho do 500", mas já fui lá deixar um palpite :)

      🌻

      Eliminar
  3. A imagem está uma delícia e com toda a certeza que o teu filho não o vendedor(a) tal é o amontado de papel:)

    Também gostei de ler a história.

    Por aqui há quiosques que mais parecem pequenas caixas de metal...horríveis!

    Beijos e um bom dia

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado, FATYLY, por dizeres que a imagem é uma delícia !
      Se bem me lembro quem estava no quiosque era uma senhora e o João Nuno teria que a ver, caso contrário como faria ele o pedido ?
      Por desconhecer toda a história do quiosque é por isso que transcrevi.

      Um beijo grato e votos de um bom Domingo, confinado embora.

      Eliminar
  4. Olhar lindo bem ternurento!
    Obrigado pela partilha!!! Bj

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pai é pai, co'os diabos !

      Eu é que agradeço a tua visita, Gracinha.

      Beijo amigo.

      Eliminar
  5. O menino está muito elegante e compenetrado, em bicos de pés à espera do que vem lá de dentro: mais alguma leitura ou simplesmente o troco..
    Uma foto muito gira.

    Quiosques e coretos: pontos de encontro e de referência, dos lugares, que quase desapareceram.

    É bom saber que esse vai voltar. As cidades precisam de memórias que compreendemos.

    Beijinhos:))

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Só estava à espera dos cremos, Isabel.
      Este já foi devidamente restaurado.
      Havia muitos aqui na cidade...

      Um beijo grato e amigo.

      Eliminar
  6. Linda toda a história.

    ResponderEliminar
  7. Bom dia, João.
    Uma foto histórica! Tínhamos quiosques parfecidos com esse por aqui, mas não mais, infelizmente.

    Bom final de semana!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Ele ainda se lembrava deste momento !...
      É uma pena tantos terem desaparecido e muitos sem qualquer razão.
      Um beijo, querida Ana.

      Eliminar
  8. Ola:- Foto maravilhosa. Gostei de ler a Estória
    .
    Bom fim de semana
    Cuide-se

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigado pelo seu comentário, Ricardo Valério !
      Fico muito contente por ter lido a nota histórica.

      Um bom Domingo, embora confinado ( começa a ser uma tortura !...).

      Eliminar
  9. Depois que soube que a concessão e exploração do quiosque na Praça da Liberdade, rende 11800€ por mês à câmara, e outros dois, localizados na Avenida dos Aliados, rendem 4300€ e 5500€ euros mensais, eles são como uma mina de ouro em receitas. Só nesses três, a câmara recebe vinte mil euros por mês em receitas.

    Da fotografia, o que dizer?
    Está tudo perfeito. O momento era perfeito. A composição está perfeita.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Dei agora conta que há três meses estou aqui preso ( em "liberdade" ) !
      Como sou um dos casos de alto risco ( idade e não só ), não posso facilitar.
      Ter ido a Foz Côa foi um verdadeiro luxo !
      Não sei se nesta longa fase de confinamento os quiosques encerraram e se assim foi, por certo, que foram dispensados de pagar a renda.
      O Presidente da autarquia tem a cabeça no sítio !

      Obrigado pelo elogio que tece a este momento de há 47 anos.
      Um abraço ( e cuide-se também ! ).

      Eliminar
  10. Que ternura de menino !
    E que história interessante assim o terá acompanhado... calhando por lá passar...
    Olha, lá está ele de novo... novinho em folha...pois não serão raras as vezes que lhe despertará boas memórias dessas manhãs de domingo longínquas... companheiro de seu Pai... protagonizando pela cidade suas peripécias fotográficas e aprendendo...
    Beijinhos, João.

    ResponderEliminar
  11. O menino de então é um cavalheiro muito alegre que irradia alegria por onde esteja e que mantém os amigos da escola primária. Fazem parte do seu "núcleo duro".
    Como os irmãos, é uma ternura com os progenitores e a família tem um enorme significado para eles.
    Que Deus os acompanhe !

    Um beijo muito grato e amigo, Maria Manuela.

    ResponderEliminar
  12. ... e de certeza continuará levando com ternura a leitura preferida a seu pai .... ( agradecido como sempre pelo esclarecimento histórico ...)

    ResponderEliminar
  13. A minha vasta ignorância tinha na sua composição o desconhecimento absoluto de João Menéres. Foi por necessidade, e como parte do meu ofício, que preenchi esse espaço vazio.
    Mas é na foto publicada que me quero focar. Um menino tenta chegar ao vendedor do quiosque inundado por publicações em repousam sobre o balcão e flutuam penduradas nas laterais como vemos nas secretárias de alguns escritores e nos planos onde os artistas regurgitam ideias para as suas obras. Curiosamente foi a pretexto do Japão que o meu encontro telefónico com o autor deste Blogue se concretizou pelo que não me surpreende que o quiosque na imagem seja conhecido pelo nome de Quiosque do Japão. Coincidências é coisa que segundo a minha experiência é um artifício que inventámos para justificar a nossa falta de compreensão sobre certas dinâmicas que procuramos contornar por as acharmos sem lógica.
    Ora é a lógica que aparece desafiada pelo João filho fotografado pelo João pai. A sua autoconsciência revelava já nessa idade infante o mesmo interesse genuíno pela cultura, senão porque se teria atirado ao esforço físico de se tentar introduzir num pequeno pavilhão japonês povoado de histórias cravejadas tipograficamente sobre o papel? A lógica diz que a circunstância é criada pela barreira física imposta à sua estatura mas o nosso interior revela-nos algo mais complexo e profundo. Os genes formam uma parte da nossa substância e a dada altura na viagem da idade descobrimos o quanto a nossa filiação se entranha em nós como um componente essencial do caráter, da personalidade e visão do mundo.
    Por isso mesmo esta partilha é igualmente uma chamada de atenção para o aglutinante valor daqueles que tanto nos deram e nos continuam a dar através do saber que revelam e distribuem pela maneira como relativizam as dificuldades valorizando as coisas simples numa perspectiva humilde mas intensa onde descobrimos um lado oculto da vida que uma sociedade impessoal e à velocidade da luz tapa diante dos nossos olhos.
    Os olhos de um fotógrafo são o mecanismo nuclear da arte da fotografia. A máquina é somente a impressora. E o que terá mais importância do que o conteúdo de um instante congelado no tempo? O que é aquilo que realmente detecta com precisão a essência da verdade? Seguramente no momento em que uma emoção penetra através da retina para imprimir uma imagem construída com fotões e interpretada pela foto sensibilidade vive algo misterioso mas apreensível que apenas o coração sabe identificar. A verdade do que se sente é imutável e precisa por isso ninguém a pode adulterar.
    Na fotografia de João Menéres existe uma voz que o convoca a estar ali a observar o filho e mesmo que não tivesse tido a oportunidade de fotografar esse episódio na memória ele permaneceria como um lugar que quem é pai contém e onde regressa constantemente há medida que a ditadura do tempo impõe o crescimento da vida que ajudamos a surgir do nada pelo milagre do amor.
    E é de amor que Menéres constrói este Grifo Planante com um olho. O da emoção de estar vivo para partilhar a beleza do mundo através da arte.

    Forte abraço

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Meu caro Mário Cardoso :

      Só hoje ( e graças à ANA FREIRE que hoje me disse ir dar uma olhadela às minhas postagens de Maio e depois às de Abril ) é que fiz esta "viagem" tão especial e me deparei surpreendido agradavelmente com o seu comentário que muito agradeço pelo que significa para mim.
      E para mais não tenho palavras.

      Um abraço de reconhecido agradecimento.

      Eliminar
  14. Uma fotografia muito especial... sob, e sobre todas as perspectivas!...
    Grata por esta encantadora partilha!
    Beijinhos
    Ana

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Pois é uma uma fotografia muito especial, como dizes !
      Esse menino tem hoje 55 anos e ainda tem presente o momento !

      Um beijo, querida Ana.

      Eliminar