© João Menéres
SEGREDO
Sei de um rio...
Sei de um rio
Em que as únicas estrelas
Nele, sempre debruçadas
São as luzes da cidade.
Sei de um rio...
Sei de um rio...
Rio onde a própria mentira
Tem o sabor da verdade !
Sinto-o, em meu sexo pesado,
Quando, às noites, no Verão,
Os peixes rompem a rede...
Meu amor, dá-me os teus lábios !
Dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede !
Mas o sonho continua...
E a minha boca (até quando ?)
Ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando:
"-Sei de um rio...
Sei de um rio...
Sei de um rio..."
Ai !
Até quando ?
( Pedro Homem de Mello, in Há Uma Rosa Na Manhã Agreste"