© João Menéres
Agora muitos montes: e o rio
se levanta e corre nos intervalos
dos gestos. Saber sentir o frio
de todos os ribeiros é amá-los.
Agora é ir correndo os dedos
pela pele; abrir o peito
a todos os cuidados e segredos,
amar-me já refeito.
Agora perder tudo; ter aberta
a carne de aventura naufragada,
Agora receber e estar alerta,
agora ter razão na mão molhada.
Agora desnudara lama certa
e esperar vê-la escorrida e bafejada.
(Pedro Tamen, 1934- , in A Água)