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terça-feira, 2 de outubro de 2018

CORAÇÕES E FLORES

© João Menéres


                                 Anseios

Meu doido coração aonde vais, 
No teu imenso anseio de liberdade? 
Toma cautela com a realidade; 
Meu pobre coração olha cais! 

Deixa-te estar quietinho! Não amais 
A doce quietação da soledade? 
Tuas lindas quimeras irreais 
Não valem o prazer duma saudade! 

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!... 
Ai, vê lá bem, ó doido coração, 
Não te deslumbre o brilho do luar! 

Não estendas tuas asas para o longe... 
Deixa-te estar quietinho, triste monge, 
Na paz da tua cela, a soluçar!... 


( Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas" )