© João Menéres
O RELÓGIO
Nenhum igual àquele.
A hora no bolso do colete é furtiva,
a hora na parede da sala é calma,
a hora na incidência da luz é silenciosa.
Mas a hora no relógio da Matriz é grave
como a consciência.
E repete. Repete.
Impossível dormir, se não a escuto.
Ficar acordado, sem ser batida.
Existir, se ela emudece.
Cada hora é fixada no ar, na alma,
continua soando na surdez.
Onde não há ninguém, ela chega e avisa
varando o pedregal da noite.
Som para ser ouvido no longilonge
do tempo da vida.
Imenso
no pulso
este relógio vai comigo.
( Carlos Drummond de Andrade, in Antologia Poética )
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COMENTÁRIOS QUE MERECEM UM POST
A blogueira Luísa Vilaça, a propósito da nossa postagem de ontem, escreveu :
Orientam a pobreza nas mãos que pedem e nos olhos que clamam uns grãos de arroz!
Registas um pé semi-nu, corroborado por um sorriso cansado do braço estendido...
Triste este nosso mundo
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A blogueira Luísa Vilaça, a propósito da nossa postagem de ontem, escreveu :
Orientam a pobreza nas mãos que pedem e nos olhos que clamam uns grãos de arroz!
Registas um pé semi-nu, corroborado por um sorriso cansado do braço estendido...
Triste este nosso mundo