© João Menéres
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Em 13 de Março, a MARINA SENA disse-me :
Tenho uma proposta a te fazer: vejo que suas fotos são sempre acompanhadas de poesias.
Minha proposta é: me mande uma foto de sua autoria, da qual você goste e vou te dar um pequeno texto - uma crónica, como você diz - de presente, para sempre lembrar de mim. :)
Eu perguntei : Que estilo de Imagem ?
Como resposta :
Uma foto intensa, dilacerante e apaixonada.
Aí, pensei em ANTÓNIO NOBRE, o autor de o " SÓ"
e da minha ( e dele ) Leça da Palmeira onde, por vezes, batida pelo mar se encontra uma placa com um verso dele :
Em 13 de Março, a MARINA SENA disse-me :
Tenho uma proposta a te fazer: vejo que suas fotos são sempre acompanhadas de poesias.
Minha proposta é: me mande uma foto de sua autoria, da qual você goste e vou te dar um pequeno texto - uma crónica, como você diz - de presente, para sempre lembrar de mim. :)
Eu perguntei : Que estilo de Imagem ?
Como resposta :
Uma foto intensa, dilacerante e apaixonada.
Aí, pensei em ANTÓNIO NOBRE, o autor de o " SÓ"
e da minha ( e dele ) Leça da Palmeira onde, por vezes, batida pelo mar se encontra uma placa com um verso dele :
‘Na praia lá da Boa Nova, um dia,
Edifiquei (foi esse o grande mal)
Alto Castelo, o que é a fantasia,
Todo de lápis-lazúli e coral!
Então, a MARINA SENA
( da Cidade Maravilhosa e do
http://palavrasinsolitas.blogspot.pt/ )
http://palavrasinsolitas.blogspot.pt/ )
© Marina Sena
enviou-me este poema maravilhoso feito texto :
MARINA : Mas havia alguma hipótese de te esquecer ?
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COMENTÁRIOS QUE MERECEM UM POST :
A propósito da nossa postagem de ontem,
a LUÍSA VILAÇA escreveu :
Algo lhe perdia, sem saber o quê. Sem motivos, sem palavras. Apenas imagens e nada mais. As idéias se faziam soltas e já não podia chorar. Chorar era algo que quase já não sabia mais. De uma (tristeza?) quieta, inteira. Só. E tudo, tudo. Havia um olhar perdido. Desses olhares que não sabem que foram observados. Qualquer coisa afogada num mar de mágoas, uma lembrança difusa de um amor que não foi. Caminhava pela praia numa tentativa frustrada de esquecer. E lhe vinham palavras, sabe-se lá o porquê. Palavras que nunca seriam ditas, acabariam morrendo escondidas em pegadas apagadas na areia, deixadas em uma concha qualquer. O mar lindo, o céu... Não, não. Nada de poesias e amor e sol. Isso tudo já lhe cansava. Não era novo e era tão doce. Mas sempre acabava – bem amargo – depois. A água com seu gosto salgado lhe trazia a sensação de, no final, sua história havia sido assim, traiçoeira. Lembrava e lembrava. Às vezes sentava-se à beira do mar deixando-se molhar de leve, suavemente. Deixando que o vento acariciasse sua face e lhe fechasse os olhos – pois era apenas ele que não o deixava sozinho. Às vezes levava ‘Só’ e o lia, alguns fragmentos difusos, e intercalava de versos, como se eles pudessem, de alguma forma, preenchê-lo, saciar alguma ausência estranha que ficara depois de tudo ter acabado. De tudo, não se iam as lembranças. Elas lhe perseguiam durante a volta para a casa, durante a calma escuridão que se firmava todos os dias por volta das 6. Deixar a praia era sempre uma forma de voltar ao mundo real. Ficava sem saber com saturar, como banir toda essa angústia que ele não merecia. Não, sabia que não merecia. Mas agora tanto fazia. Já não importava mais. O feito ou o não feito. Evitava pensar num futuro que não havia acontecido. Parecia que as seis horas se fixavam no céu e no seu próprio ser, apenas para lembrar que era aquela hora que sempre deixava a praia – e era naquela hora que ela havia ido embora. Desejava que tudo passasse. E passasse rápido. Certas vezes, era sempre tão infinito e inacabado e agoniante. De um nervosismo tão quieto que só. Afogava a alma. Quase sem remédio – nada lhe poderia salvar? Ah sim, o mar. Mas à noite não havia mar, não havia brisa, não havia pausa. Cansaço insone. Esgotava-se a mente. E não lhe deixava dormir. Já começava a enjoar de pensar e pensar. Aquelas lembranças mal-construídas, as esperanças falidas o consumiam. Mas tinha escolha? Não, não. Procurou pelo livro e notou, pesaroso, que havia esquecido ‘Só’ na areia. Com alguma sorte, não choveria. Com alguma sorte a maré não o alcançaria. Com alguma sorte, não seria levado pelo vento. As pessoas, não havia razão para se preocupar com elas. Ninguém mais lia poesia. Então a tristeza continuou. Tentou olhar para qualquer coisa e escrever. Fazia uns versos mal-feitos. Porém já cansava da poesia. Era melhor esquecer, esquecer. De tudo o mais. No final, nada de suas bobagens – pensadas ou não – importavam. Nada de seus versos. O mundo continuaria a existir e acontecer, um passo após o outro, não importando seu próprio sentir.
Ah e como cansava.
E naquele momento infinito e quieto lhe bastariam as ondas, e só era o que lhe deixavam viver. Mas não havia ondas, apenas uma angústia escondida pelos cantos que apagava qualquer lembrança boa, qualquer maresia, qualquer dia de sol. Que lhe apagava qualquer ínfima chance e vontade de existir.
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COMENTÁRIOS QUE MERECEM UM POST :
A propósito da nossa postagem de ontem,
a LUÍSA VILAÇA escreveu :
Olhares de grifo que plana pelas artérias desta rotunda, conhecendo-a melhor que as demais aves que por lá passam!