© João Menéres
CIDADE
Meti-me por setembro fora, a caminho do fulgor das
maçãs, deixando para trás os bruscos golfos da tristeza
e uma luz de neve quebrada de vidraça em vidraça.
Contemplava a cidade das pontes pela última vez,
envolvida por lençóis encardidos e uma névoa que
subia do rio para lhe morder o coração de pedra.
Era um burgo pobre, sujo, reles até -- mas gostaria
tanto de lhe pôr um diadema na cabeça.
(Eugénio de Andrade, in Memória de Outro Rio)