Foi numa noite de Junho, que um sonho surgiu.
Até hoje não o esqueci.
Era o mar. O mar azul.
Havia uma onda.
Uma onda parecida com as outras brandas ondas.
Mas essa onda trazia, a navegar na sua crista,
um beijo que se agarrava aos seus dedos.
Logo que pude, corri para a praia.
Manhã de maré baixa...
As ondas mal se formavam
e a areia era afagada pela água.
Devia ser a primeira onda...
Fixei o olhar.
As ondas, de tão pequenas,
mal se distinguiam umas das outras.
Entrei lenta e cuidadosamente no mar
para receber o sonhado beijo.
Olhei o fundo do mar.
Só vi bocas desenhadas na areia submersa.
Pequenos peixes dançavam aos meus olhos.
Quais seriam os lábios
que me teriam deixado o beijo que sonhei?
© João Menéres