© João Menéres
Pelos ramos do loureiro
vão duas pombas obscuras.
Uma delas era o sol
e a outra era a lua.
"Vizinhas, sabeis aonde
está a minha sepultura?""Nesta cauda", disse o sol.
"Nesta garganta", disse a lua.
E eu, que estava caminhando
com terra pela cintura,
vi duas águias de neve
e uma moça desnuda.
Uma delas era a outra
e a moça era nenhuma.
"Águias, sabeis aonde
está a minha sepultura?"
"Nesta cauda", disse o sol.
"Nesta garganta", disse a lua.
Pelos ramos do loureiro
vi duas pombas desnudas.
Uma delas era a outra.
As duas eram nenhuma.
(Poema CACIDA DAS POMBAS OBSCURAS, de Garcia Lorca)