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quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

VELAS DE SONHO

© João Menéres


TERRA ALENTEJANA





           Cheguei a meio da vida já cansada
   de tanto caminhar! Já me perdi!
   Dum estranho país que nunca vi
        sou neste mundo imenso a exilada.

             Tanto tenho aprendido e não sei nada.
         E as torres de marfim que construí
em trágica loucura as destrui
                     por minhas próprias mãos de malfadada!

                 Se eu sempre fui assim este Mar morto:
                 mar sem marés, sem vagas e sem porto
          onde velas de sonhos se rasgaram!

  Caravelas doiradas a bailar...
                       
Ai quem me dera as que eu deitei ao Mar!
                      as que eu lancei à vida e não voltaram!...


Florbela Espanca