© João Menéres
SEGUNDO POEMA DA CIDADE
O SEGUNDO POEMA DA CIDADE
FOI FEITO DE MANHÃ
QUANDO O SOL COMEÇOU
A BRINCAR NOS TELHADOS,
QUANDO OS ELÉCTRICOS PRINCIPIARAM
A ATRAVESSAR AS RUAS SONOLENTAS,
QUANDO OS BARBEIROS ABRIRAM AS PORTAS,
OS ARDINAS TROUXERAM OS JORNAIS,
OS CAIXEIROS VIERAM PARA AS LOJAS
E OS AUTOMÓVEIS E OS CAMIÕES
PASSARAM APRESSADOS, BUZINANDO.
O SEGUNDO POEMA DA CIDADE
FOI FEITO QUANDO PASSOU O ENTERRO
DUM JOVEM TRISTE QUE SE SUICIDARA,
FOI FEITO QUANDO UM MILIONÁRIO VELHO
SAIU SORRINDO DA CASA DA AMANTE.
O SEGUNDO POEMA DA CIDADE
FOI FEITO DE MANHÃ
QUANDO O SOL BEIJOU DA MESMA MANEIRA
AS FLORES, OS HOMENS, OS AUTOMÓVEIS
E OS PESCADORES NO MAR.
( ANT.º REBORDÃO NAVARRO * 1933-2015 * in " Outro Caminho do Mar " )