© João Menéres
O GRAFFITI É DE AUTORIA DO DANIEL EIME ( Porto. 1986 ).
COMO AS ÁRVORES FORAM ENQUADRADAS POR MIM,
ESCOLHI ESTA POESIA :
O GRAFFITI É DE AUTORIA DO DANIEL EIME ( Porto. 1986 ).
COMO AS ÁRVORES FORAM ENQUADRADAS POR MIM,
ESCOLHI ESTA POESIA :
A Velhice Pede Desculpas
Tão velho estou como árvore no inverno,
vulcão sufocado, pássaro sonolento.
Tão velho estou, de pálpebras baixas,
acostumado apenas ao som das músicas,
à forma das letras.
Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético
dos provisórios dias do mundo:
Mas há um sol eterno, eterno e brando
e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir.
Desculpai-me esta face, que se fez resignada:
já não é a minha, mas a do tempo,
com seus muitos episódios.
Desculpai-me não ser bem eu:
mas um fantasma de tudo.
Recebereis em mim muitos mil anos, é certo,
com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras.
Desculpai-me viver ainda:
que os destroços, mesmo os da maior glória,
são na verdade só destroços, destroços.
( Cecília Meireles, in Poemas )
vulcão sufocado, pássaro sonolento.
Tão velho estou, de pálpebras baixas,
acostumado apenas ao som das músicas,
à forma das letras.
Fere-me a luz das lâmpadas, o grito frenético
dos provisórios dias do mundo:
Mas há um sol eterno, eterno e brando
e uma voz que não me canso, muito longe, de ouvir.
Desculpai-me esta face, que se fez resignada:
já não é a minha, mas a do tempo,
com seus muitos episódios.
Desculpai-me não ser bem eu:
mas um fantasma de tudo.
Recebereis em mim muitos mil anos, é certo,
com suas sombras, porém, suas intermináveis sombras.
Desculpai-me viver ainda:
que os destroços, mesmo os da maior glória,
são na verdade só destroços, destroços.
( Cecília Meireles, in Poemas )
Muito elaborado este grafiti. A poesia arrepia.
ResponderEliminarCasamento perfeito, grafiti e poema.
ResponderEliminarO amigo João Menéres mostra aqui um trabalho muito bom e, não satisfeito, acrescenta-lhe valor, quer pela inclusão e associação da árvore, o símbolo perfeito para o tema da fotografia, quer pela chamada do poema da Cecília Meireles.
ResponderEliminarIVA na taxa máxima para este produto de luxo!
É. Há esse lado na velhice, quer dizer, nos velhos, que a velhice em si mesma não existe. Há o lado inolvidável dos tecidos a decompor, dos órgãos que desfalecem, do cheiro próprio de tal estado, que impregna no corpo e contagia o interior das casas, entranha nos sofás, mora atrás de cada porta, dentro de cada armário, e assolapa nas peças de roupa. Há um sossego nas habitações e não parece o mesmo mundo onde houve presteza de passos e corridas, crianças, jovens e adultos afadigados de vida, bulício do respirar. A velhice tem este lado de vagar, na espera de coisa nenhuma. É o tempo da esperança no hoje, agora. Da eternidade ao momento.
ResponderEliminarQue post, JOÃO !!!
ResponderEliminarA obra talentosa do graffiter, a que o João acentuou magnificamente o Inverno da figura !...
Mas, na desolação total, algo ainda há de penetrante no olhar... e no ritus da boca, um grito ferozmente calado...
A selecção do poema... Ou a perfeição em acertar no alvo !
Sublime, este poema !... árvore de Inverno...
Magnífico trabalho, o seu !
Aplausos! Muitos aplausos, João !
Beijinho grande.
Bem, tudo dito!
ResponderEliminarBom o grafitti, o enquadramento, a foto...
Conhecia a Cecília Meireles nas roupagens de outros poemas não tão intensos como este. Uma surpresa!
Parabéns!
Beijinho
Uma foto genial e um poema tão emocionante.
ResponderEliminarGostei imenso e parabéns!
Beijos
JORGE
ResponderEliminarE é o nosso futuro...
EDUARDO
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
AGOSTINHO
ResponderEliminarFico-lhe muito grato por elogiar esta postagem.
Sempre que o tempo ( ou a oportunidade ) permitem, procuro associar à imagem um texto ou poesia.
Nem sempre a imagem a requer.
No caso, pareceu-me que uma poesia ia enfatizar o belo trabalho do autor do graffiti.
Obrigado, também, por me taxar com o IVA no seu valor máximo.
Um abraço.
BEA
ResponderEliminarMuito te agradeço a divagação sobre a VELHICE.
Um belo texto que apreciei.
Um beijo.
MARIA MANUELA
ResponderEliminarPena tenho eu que nem todos possuam essa tua sensibilidade e/ou a paciência de a demonstrarem...
Claro que se fosse Primavera ou Verão, nada seria igual.
Um beijo muito agradecido pelo teu elogio que veio de lá do fundo.
GRAÇA
ResponderEliminarTambém não tenho muito mais a dizer ao que acentuaste...
Gostei muito da tua atenção.
Que bom ter-te levado a conhecer uma poesia mais da Cecília !
Um beijo muito grato.
FATYLY
ResponderEliminarNessa tardem, disparei três vezes,
Duas já cá estão.
Falta a terceira que é bem diferente.
Apenas un apontamento.
Agradeço as tuas palavras estimulantes.
Um beijo amigo.
A imagem está MARAVILHOSA!
ResponderEliminarEnraizaram-se no rosto os braços sem folhas
e
no passeio da vida, abriram-se os olhos caídos
na esperança do vento passar!
Porque escolhes tão triste fado?
Sim, falo daquele supra cantado,
que de sábias palavras encheu a mesa
num fado rítmico, improvisado!
Valeu! Valeu pela cor e pelo sabor sentido em estar aqui
Bjnhs
ah!
ResponderEliminarA Velhice não tem NUNCA que pedir desculpa!
Bjnhs
LUÍSA
ResponderEliminarÉ tarde..
A noite avança.
Assim é a vida
À espera de ter fim.
Muito bonito o que escreves, SENHORA das palavras maravilhosas !
Obrigado por ter UM OLHAR DE PERTO que alcança longe !
Um beijo.
O poema é belíssimo e forte, muito forte - não conhecia.
ResponderEliminarA minha respiração ficou um bocado suspensa, até...Reli várias vezes, pois gostei muito.
O graffiti também muito expressivo e o enquadramento pelas árvores (que se confundem com as marcas no rosto), perfeito.
Beijinho forte e muito grato por esta maravilhosa postagem, João.
SANDRA
ResponderEliminarMUITO OBRIGADO pelas tuas palavras que revelam a sensibilidade que já em ti conhecia.
Procurei que os ramos das árvores sem folhas se sobrepusessem sobre o rosto sem o prejudicar, apenas para as acentuar.
Um beijo, querida Sandra.
Árvores?
ResponderEliminarAs árvores foram enquadradas por si?
Pelas tonalidades das árvores, eu ia jurar que elas faziam parte do grafíti e que tinham sido desenhadas pelo artista. Mas afinal...
:-):-)
Muito bom. Muito bem desenhado.
REMUS
ResponderEliminarSó não foram plantadas por mim...
:-P
Obrigado, REMUS.
Como já alguém disse, o verdadeiro mal da velhice, não é o enfraquecimento do corpo... mas a indiferença da alma.
ResponderEliminarCuriosamente, nos dias que correm... encontro deste frequente padecimento, em muita gente jovem... a indiferença da alma! Algo de que o João de todo não padece... pelo que para mim... é, será sempre, um teenager!...
A imagem não poderia ter um melhor enquadramento!
Espero que o problema do Blogger se resolva!
Beijinhos! Continuação de boa semana!
Ana
Se a imagem é assombrosa do ponto de vista artístico, o poema é um hino ao pensamento humano depois de muitos anos de vida.
ResponderEliminarMas se todos se consciencializassem que é assim sempre, haveria por parte dos mais novos uma dupla ternura por tudo o que é mais velho, ou menos novo, não esquecendo que as posições serão por todos ocupadas com o passar dos anos.
Beijinho e abraço amigo
ANA FREIRE
ResponderEliminarUm teenager ?
- Nem tanto !... ( mas não me importava mesmo !...).
Infelizmente o técnico ( meu amigo ) está sobrecarregado de trabalho e hoje não pôde dar-me apoio remoto.
Veremos se amanhã até à noite tal será possível.
Um beijo, querida Ana e obrigado pelo comentário e pelos votos expressos.
TÉTÉ
ResponderEliminarTenho conhecido muitos e muitos casos. Uns, respeitam e tem ternura para com os mais idosos.
Outros, quase os ignoram...
Deste último grupo, posso dizer que nem lhes passa pela cabeça que amanhã são eles a sentirem na alma e no real !
Um beijo grato.
Excelente escolha do poema para combinação com a imagem!
ResponderEliminarAbraço
RUI PIRES
ResponderEliminarAgradeço a sua opinião.
O problema está resolvido !
Um abraço.
Beijinho do tamanho do sol!
ResponderEliminarAqueceu?
LUÍSA
ResponderEliminarObrigado, querida amiga.
Claro que sim !
Um beijo também assim.
O poema é lindo. Gosto muito da CM.
ResponderEliminarO graffiti é fantástico bem como a foto.
Beijinho.:))
ANA
ResponderEliminarObrigado por tudo quanto exprimes.
Um beijo amigo.
... pedindo desculpas quando deveria ser o inverso ... quando deveria ser florido de agradecimento pelo tempo de experiências partilhadas ... de perspectivas com horizonte ... enfim o privilégio de ... com tais se escutar os ecos do passado ... que serão futuro ...
ResponderEliminarRASURAS
ResponderEliminarAlto lá !
Tenho que reler...
Eu bem insisti consigo : CRIE O SEU PRÓPRIO BLOG, HOMEM !
E é suficiente ( e ficaremos muito agradecidos ! ) para nos dar algo de si.
De quando em vez, insisto...
Um enorme e muito amigo abraço.
Graças a Deus que cada vez mais vemos graffitis como verdadeiras obras de arte.
ResponderEliminarÉ uma bela obra, o grafiti de Daniel Eime. E o poema recorda-nos que a vida é um percurso com princípio, meio e fim.
ResponderEliminarUm abraço, João Menéres.