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sábado, 14 de março de 2009

A V I S O À N A V E G A Ç Ã O

TERTÚLIAS  VIRTUAIS

Como o tema deste mês é o  D E S E J O ,
quanto mais tempo ele durar maior será o prazer.
Como tal, prescindi da possibilidade de o satisfazer 
já hoje. Espero, que no momento próprio (dia 15) ele se
torne um facto.

VARAIS

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© João Menéres

VARAL EM BRAGA

Achamos interessante o cesto com as molas, lá em cima dependurado.
Depois, o beiral e a sua sombra.
Por fim, o reflexo das roupas nos vidros das janelas
como estivessem ao desafio com os riscos brancos das guarnições...

NOTA: Este varal é especialmente dedicado à minha leitora VIOLETA.
Não é por não ser SEGUIDORA que dela me esqueço.

sexta-feira, 13 de março de 2009

PORTO

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© João Menéres

SEGREDO

Sei de um rio...
Sei de um rio
Em que as únicas estrelas
Nele, sempre debruçadas
São as luzes da cidade.
Sei de um rio...
Sei de um rio...
Rio onde a própria mentira
Tem o sabor da verdade !
Sinto-o, em meu sexo pesado,
Quando, às noites, no Verão,
Os peixes rompem a rede...
Meu amor, dá-me os teus lábios !
Dá-me os lábios desse rio
Que nasceu na minha sede !
Mas o sonho continua...
E a minha boca (até quando ?)
Ao separar-se da tua
Vai repetindo e lembrando:
"-Sei de um rio...
Sei de um rio...
Sei de um rio..."
Ai !
Até quando ?

( Pedro Homem de Mello, in Há Uma Rosa Na Manhã Agreste"

quinta-feira, 12 de março de 2009

AR LIVRE

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© João Menéres


Fim de tarde, em Battersea Park (Londres)

quarta-feira, 11 de março de 2009

AFECTOS

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© João Menéres

Há dias, a minha neta Beatriz, de seis anos, ofereceu-me este trabalho que fizera no colégio.
Guardei-o com o carinho que tudo guardo quando me é dado pelo coração.
Eu sei que o texto que vou transcrever não tem a ver com esta flor.
A outro neto podia pedir um desenho rabiscado.

Aí vai o texto:

A FLOR

Pede-se a uma criança. Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis.
A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas.
Umas numa direcção, outras noutras; umas mais carregadas, outras mais leves;
umas mais fáceis, outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas
que o papel quase não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas : Uma flor !
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor !
Contudo, a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do
coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor,
e a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas.
Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas,
são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor !

( José de Almada Negreiros / 1893-1970 )

terça-feira, 10 de março de 2009

PORTO

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© João Menéres

METAMORFOSE

Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.

Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.

E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter...
uma luz desce o rio
gente passa e não sabe
que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem
as nuvens não passem
tão alta tão alta
que a solidão possa tornar-se humana.

( Jorge de Sena, in Poesias I.
Sua filha, Márcia, confirma que esta torre é a Torre dos Clérigos,
que eu em cima mostro em neblina envolta)

segunda-feira, 9 de março de 2009

BEIRA LITORAL

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© João Menéres

Pelos ramos do loureiro
vão duas pombas obscuras.
Uma delas era o sol
e a outra era a lua.
"Vizinhas, sabeis aonde
está a minha sepultura?""Nesta cauda", disse o sol.
"Nesta garganta", disse a lua.
E eu, que estava caminhando
com terra pela cintura,
vi duas águias de neve
e uma moça desnuda.
Uma delas era a outra
e a moça era nenhuma.
"Águias, sabeis aonde
está a minha sepultura?"
"Nesta cauda", disse o sol.
"Nesta garganta", disse a lua.
Pelos ramos do loureiro
vi duas pombas desnudas.
Uma delas era a outra.
As duas eram nenhuma.

(Poema CACIDA DAS POMBAS OBSCURAS, de Garcia Lorca)