© João Menéres
Desde o início do século XVI que a Irmandade dos Alfaiates do Porto venerava como padroeiros e protectores São Bom Homem e Nossa Senhora de Agosto. Não tendo capela própria, a confraria iniciou em 1554-1555 a construção de um templo dedicado à Virgem em espaço fronteiro à Sé, cedido pelo bispo D. Rodrigo Pinheiro. A morosidade das obras durante os dez anos que se seguiram levou a que a irmandade contratasse, cerca de 1566, o mestre pedreiro Manuel Luís, que iria terminar o projecto, imprimindo-lhe o seu traço pessoal (SERRÃO, 2001, p. 199).
Em 1934, a Câmara do Porto elaborou uma proposta de urbanização do Largo da Sé, que implicava a demolição da Capela dos Alfaiates, classificada como Monumento Nacional desde 1927. Para evitar a destruição do templo maneirista, a estrutura foi desmantelada em 1936 pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, sendo reconstruída na sua actual localização em 1953.
De planta rectangular, a capela é precedida por adro limitado por guarda de ferro. Na fachada principal rasga-se ao centro o portal de gosto maneirista, com arco de volta perfeita ladeado por colunas estriadas, encimado por entablamento, sobre o qual foi aberto um nicho que alberga a imagem, em barro, de Nossa Senhora de Agosto. Acima deste conjunto foi aberta uma grande janela com grade de ferro. As fachadas laterais, despojadas de qualquer elemento decorativo, possuem apenas uma janela insculpida no registo superior.
O interior, recriando numa escala regional o modelo maneirista dos espaços unitários, de cariz erudito e vanguardista, possui nave única coberta por abóbada abatida de cruzaria, em granito. Um amplo arco triunfal, ladeado por pilastras jónicas, abre para a capela-mor, espaço revestido por abóbada de canhão em cantaria, com caixotões decorados com rosetas.
Ao centro, o retábulo de talha dourada de linhas maneiristas é composto por um conjunto de oito tábuas com episódios da vida da Virgem e do Menino, nomeadamente, no primeiro registo e à esquerda, a Anunciação, à qual se opõe a Adoração dos Pastores, a que seguem, no segundo registo a Adoração dos Reis Magos, a Assunção da Virgem e o Menino entre os Doutores. O remate da estrutura é feito pela Coroação da Virgem, ladeada pela Visitação e pela Fuga para o Egipto. Este conjunto retabular é atribuído ao pintor Francisco Correia e seus colaboradores, tendo sido executado entre 1590 e 1600 (Idem, ibidem, p. 243). Um nicho alberga uma imagem calcária da padroeira, de gosto flamengo.
Catarina Oliveira
DIDA/ IGESPAR, I.P./ Fevereiro de 2011
Em 1934, a Câmara do Porto elaborou uma proposta de urbanização do Largo da Sé, que implicava a demolição da Capela dos Alfaiates, classificada como Monumento Nacional desde 1927. Para evitar a destruição do templo maneirista, a estrutura foi desmantelada em 1936 pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, sendo reconstruída na sua actual localização em 1953.
De planta rectangular, a capela é precedida por adro limitado por guarda de ferro. Na fachada principal rasga-se ao centro o portal de gosto maneirista, com arco de volta perfeita ladeado por colunas estriadas, encimado por entablamento, sobre o qual foi aberto um nicho que alberga a imagem, em barro, de Nossa Senhora de Agosto. Acima deste conjunto foi aberta uma grande janela com grade de ferro. As fachadas laterais, despojadas de qualquer elemento decorativo, possuem apenas uma janela insculpida no registo superior.
O interior, recriando numa escala regional o modelo maneirista dos espaços unitários, de cariz erudito e vanguardista, possui nave única coberta por abóbada abatida de cruzaria, em granito. Um amplo arco triunfal, ladeado por pilastras jónicas, abre para a capela-mor, espaço revestido por abóbada de canhão em cantaria, com caixotões decorados com rosetas.
Ao centro, o retábulo de talha dourada de linhas maneiristas é composto por um conjunto de oito tábuas com episódios da vida da Virgem e do Menino, nomeadamente, no primeiro registo e à esquerda, a Anunciação, à qual se opõe a Adoração dos Pastores, a que seguem, no segundo registo a Adoração dos Reis Magos, a Assunção da Virgem e o Menino entre os Doutores. O remate da estrutura é feito pela Coroação da Virgem, ladeada pela Visitação e pela Fuga para o Egipto. Este conjunto retabular é atribuído ao pintor Francisco Correia e seus colaboradores, tendo sido executado entre 1590 e 1600 (Idem, ibidem, p. 243). Um nicho alberga uma imagem calcária da padroeira, de gosto flamengo.
Catarina Oliveira
DIDA/ IGESPAR, I.P./ Fevereiro de 2011
Beautiful blog
ResponderEliminarThank you very much !
EliminarPlease read my post
ResponderEliminarSure !
EliminarEste templo antigo histórico tem detalhes de construção muito bonitos. Saudações da Indonésia.
ResponderEliminarÉ uma pequena capela mas muito rica, como disse.
EliminarSaudações.
Uma imagem linda e uma capela com muita história.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Tudo quanto dizes confere com a realidade, Elvira !
EliminarUm beijo amigo.
Um belíssimo exemplo de arte sacra!
ResponderEliminar(Aproveitaste para confessar os teus pecados?:):))
Há muito que os confessei, Lina !...
EliminarAgora quase sou um santinho !!!
😍
Confesso que não conhecia... pelo que é um privilégio estar a descobrir esta fascinante Capela, através de uma imagem sua, João!
ResponderEliminarBelíssimo trabalho de escultura... e pintura... e adorei a sua incrível história... qual fénix... renascida e reconstruída!...
Magnifica foto e partilha, João! Beijinhos! Bom fim de semana!
Ana
Quando vieres de novo ao Porto, não te esqueças de me avisar ( se não for em Agosto !... ).
EliminarSerei um gia para muito do que não conheces, prometo.
😘
Uma das últimas vezes que lá entrei foi no velório do meu avô, que era alfaiate.
ResponderEliminarEntão conhece bem...
EliminarUm abraço amigo.
Maravilha, haver uma Nossa Senhora de Agosto. Desconhecia.
ResponderEliminarAgosto é um mês muito concorrido em termos religiosos, BEA !
EliminarUm beijo amigo.
Cosi cada palavras ao meu molde de conhecimento. Quantas novidades num post só.
ResponderEliminarObrigada pelo ensinamento e pela foto deste lindissomo e importante altar.
Beijinhos mil,
Luísa
De surpresa em surpresa, no Freixo de Espada à Cinta, encontras uma série de tábuas de autoria de Grão Vasco !
EliminarInfelizmente, não me permitiram fotografar, mesmo sem flash que não uso ).
Um beijo com chuva a ameaçar.
... belo retábulo ... já por lá passei há cerca de 5 anos ... numa visita rápida ao Porto ... a caminho de Santiago de Compostela ... gostei de o rever ...
ResponderEliminarTeve sorte em encontrar a capela aberta, caramba !
EliminarAinda bem.
Poucos portuenses a conhecem !...
Sempre aprendendo, João...seja sobre a Capela propriamente dita... ou sobre esta designação surpreendente dos santos padroeiros... talvez referência medieval, digo eu...
ResponderEliminarBelo retábulo !
E óptima a solução... não só por ele (um belo conjunto artístico) como por toda a capela ter sido "transplantada" quando necessário para o local onde se encontra.
Até porque a classificação de MN, atribuída anos antes, não fora por acaso...
Uma foto irrepreensível e um texto bem elucidativo. Um post perfeito !
Beijinhos e uma boa semana, João.:)
Maria Manuela
EliminarPor vezes, são tomadas decisões acertadas ( aqui e no país ).
QUANDO ME REFORMAR vou dedicar-me a estudar um pouco mais,
😜
É maravilhosa!!! Obrigada por dar a conhecer esta relíquia!!! Bj
ResponderEliminarGRACINHA :
EliminarLamento não ter tido tempo nestes últimos dias para te visitar !
Obrigado e um beijo amigo.
Rico registo e resumo :)
ResponderEliminarMuito obrigado, Maria !
Eliminar😘