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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

CHAROLA ( 5 )


© João Menéres




Charola

" A Charola era o oratório privativo dos Cavaleiros, no interior da fortaleza. A sua tipologia é comum das igrejas bizantinas, a qual volta a integrar o românico com o movimento das Cruzadas.

Nesta tipologia o templo tem como base uma planta se desenvolve em torno de um espaço central, o qual, na rotunda templária, tem a forma de um prisma octogonal, ou tambor, que se desdobra em dezasseis faces no paramento do deambulatório, encerrando deste modo a volumetria do edifício. Concluída em 1190, a Charola tinha a entrada virada a oriente. Foram as obras de D. Manuel I que a estabeleceram a sul, na nave com que ampliou a igreja, extramuros do castelo.

Já com o castelo sede dos cavaleiros de Cristo, o Infante D. Henrique, governador e regedor da Ordem de 1420 a 1460, irá fazer as primeiras alterações na rotunda templária com vista a dotá-la dos requisitos espaciais com vista a aí se desenrolar as funções litúrgicas do ramo de frades contemplativos que ele entretanto introduzira na Milícia de Cristo. Para tal ele vai abrir dois janelões no paramento dos dois tramos do deambulatório virados a poente, para depois aí instalar, pendorado na alvenaria um coro em madeira. Ao mesmo tempo faz abrir quatro capelas nas paredes do deambulatório orientadas a NE, NO, SE e SO. Nos restantes tramos instala altares circundando o deambulatório.

Com a ampliação do espaço litúrgico por D. Manuel I, são removidos os madeiramentos do Infante e os tramos dos janelões são definitivamente abatidos para dar lugar ao vão do arco triunfal que articula o espaço templário com a nave manuelina. A Charola passará então a funcionar como capela-mor da nova igreja conventual. Será enriquecida com obra de arte sacra que incluiu escultura, pintura sobre madeira e sobre couro, pintura mural e estuques. Particularmente importante foi a descoberta, nos nossos dias, de pinturas manuelinas a abóbada do deambulatório, e que haviam sido recobertas de cal em época posterior ao terramoto de 1755, cujos efeitos se fizeram sentir no edifício. O seu restauro ocorreu entre 1987 e 2014. "


























  
                                                              














17 comentários:

  1. Tão brilhante como a charola é a delicadeza de nos contares a história da arte.
    Beijinhos mil,
    Luísa

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    1. O Convento tem muito que contar, o que não se adequa a este blog que essencialmente é de imagens.
      Quando é oportuno ou disponho de mais algum tempo deixo umas notas ou algum excerto literário.
      😘

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  2. O olhar está lindo!
    ...
    Já pesquisei sobre a barragem da Louçã e assim que puder irei conhecer!
    Bj

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    1. É Bouçã, Gracinha.
      Fica entre Cernache e Figueiró dos Vinhos.

      Um beijo amigo.

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  3. O restauro foi demorado (tinha mesmo de ser!) daí muita gente apenas conhecer um buraco escuro com andaimes :-(
    Mas valeu a pena e o João termina esta série com chave de ouro.
    Muito obrigada, João, pela parte que que me toca.

    Um dia bom!
    (por aqui muito farrusco)
    Beijinho grato.
    🌿🌼

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    1. Eu é que agradeço ter despertado interesse nalguns SEGUIDORES, Maria !

      🌷 com 😘

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  4. ... surpreendido já não fico ... mas maravilhado sim ... e sempre grato pela abordagem cultural à foto e à sua partilha .... abraço

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  5. Um bom esclarecimento final e uma derradeira imagem esplendorosa... encerram uma partilha completa sobre um tesouro artístico de que nos orgulhamos.
    Excelente maneira de fechar esta admirável série, João !
    Obrigadíssima, caro Amigo !

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    1. Muito obrigado pelas tuas palavras, Maria Manuela.

      Um beijo amigo e votos para que a saúde te não falte.

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  6. De um requinte e detalhe impressionantes.
    Bfds

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  7. Sem dúvida uma belíssima peça arquitetónica.
    Apesar de lá fora existirem coisas muito bonitas, por cá também as existem.

    E tenho pena que a arquitetura contemporânea portuguesa não esteja a criar obras de arte para as gerações vindouras as possam contemplar. Tudo o que é construído actualmente, terá uma durabilidade muito reduzida. Dificilmente irão tornar-se icones centenários.

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    1. Tem toda a razão, Remus.
      A arquitectura contemporânea portuguesa é muito linear, diria mesmo, muito nórdica, e também me não parece que deixe ícones para um próximo futuro.
      Até a CdM e a Estação do Oriente não são de arquitectos portugueses...
      Já em Espanha, por exemplo, o Calatrava é bem mais avançado.
      O MAAT é uma das honrosas excepções.

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  8. Magnifica a imagem, com um soberbo enquadramento... e muito bem acompanhada de um excelente suporte informativo, João!
    Belíssima publicação, João! Beijinhos
    Ana

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