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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A FÁBRICA DO NADA

REPRODUZO 
DO BLOG DO LUÍS BENTO,
POR RAZÕES EVIDENTES.


A FÁBRICA DE NADA



Exposição Portugal Flagrante Centro de Arte Moderna Gulbenkian


Hoje fui ver A Fábrica de Nada, em conjunto com Eu, Daniel Blake e São Jorge completei a trilogia em torno de um maior denominador comum: o desemprego. Se em Eu, Daniel Blake nos sentimos esmagados perante a falta de sensibilidade da funcionária da Segurança Social imune ao desespero de quem espera uma resposta, uma solução ou um milagre e se em São Jorge nos confrontamos com o mundo dos abutres das "cobranças difíceis, em A Fábrica de Nada expõem-se causas, dramas, conflitos no interior da engrenagem capitalista, no seu ritmo inexorável de confronto e derrube de qualquer tentativa de resistência, assistimos ao discurso dos trabalhadores cuja única exigência é ter trabalho, ao discurso dos intelectuais sobre o fetichismo mercantilista, da actualidade de Marx, blá, blá, blá, do protagonismo do tempo, personagem pesada no drama do desemprego. No final,  abre-se uma porta de esperança na figura  da auto-gestão, no confronto discursivo entre o trabalhador e o intelectual no acerto de contas social que resume tudo a uma única frase: A divisão não se faz, hoje, entre Esquerda e Direita, mas entre os que querem viver no sistema e o aceitam, ainda que em regime de escravatura e aqueles que estão dispostos a abdicar dos telemóveis , dos carros e do conforto capitalista, luta inglória num tempo em que cada vez há mais gente a querer passar para o outro lado, num mundo em que a vida particular se desmorona para além do dinheiro e da crise, do divórcio e dos amigos que se evaporam, dos colegas iludidos na velha máxima de que só acontece aos outros, mas ela está aí, a porta entreaberta de esperança, indicada no filme com um caminho a seguir: Resistimos? 

A não perder.
*****

ESTÁ NA GULBENKIAN, EM LISBOA

10 comentários:

  1. olá, João. Estive fora alguns dias, e fora das redes também. Fora do meu país. estive viajando pela Itália. É um enorme choque cultural. Voltar e me readaptar à nossa realidade não está sendo muito fácil... acho que não precisamos abdicar dos bens que conquistamos para que as outras pessoas possam ter o que elas precisam, não consigo ver uma relação entre uma coisa e outra, realmente. falta é educação. falta alguém chegar e dizer: "Você também pode!" Falta solidariedade e acima de tudo, educação.

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  2. ANA

    Eu sei que estiveste por Itália pois ontem já tive o enorme prazer de ler as primeiras linhas da tua crónica da viagem e que constituiu um belo acepipe para o muito que irás relatar.
    A propósito do que impressionou e do que notas aí, aproveito para te contar algo que hoje recebi :

    CONHECIMENTO



    Bill Gates foi convidado por uma escola secundária para uma palestra. Chegou de helicóptero, tirou o papel do bolso onde havia escrito onze itens. Leu tudo em menos de 5 minutos, foi aplaudido por mais de 10 minutos sem parar, agradeceu e foi embora em seu helicóptero. O que estava escrito é muito interessante, leiam:
    1. A vida não é fácil — acostume-se com isso.
    2. O mundo não está preocupado com a sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil por ele ANTES de sentir-se bem com você mesmo.
    3. Você não ganhará R$20.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição antes que você tenha conseguido comprar seu próprio carro e telefone.
    4. Se você acha seu professor rude, espere até ter um chefe. Ele não terá pena de você.
    5. Vender jornal velho ou trabalhar durante as férias não está abaixo da sua posição social. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
    6. Se você fracassar, não é culpa de seus pais. Então não lamente seus erros, aprenda com eles.
    7. Antes de você nascer, seus pais não eram tão críticos como agora. Eles só ficaram assim por pagar as suas contas, lavar suas roupas e ouvir você dizer que eles são “ridículos”. Então antes de salvar o planeta para a próxima geração querendo consertar os erros da geração dos seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
    8. Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente NADA na vida real. Se pisar na bola, está despedido… RUA!!! Faça certo da primeira vez!
    9. A vida não é dividida em semestres. Você não terá sempre os verões livres e é pouco provável que outros empregados o ajudem a cumprir suas tarefas no fim de cada período.
    10. Televisão NÃO é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho ou a boate e ir trabalhar.
    11. Seja legal com os CDFs (aqueles estudantes que os demais julgam que são uns babacas). Existe uma grande probabilidade de você vir a trabalhar PARA um deles.


    Um beijo amigo deste extremo do continente europeu.

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  3. interessantisssssssimo!!!!!!!!!!!!
    e complicado.....

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  4. MYRA

    Um pouco, na verdade.
    Mas o Luís gosta de escrever assim.

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  5. Boa ideia ir ver a exposição da Gulbenkian:).

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  6. BEA

    Eu prometera ao Luís Bento que avisaria duas ou três pessoas...

    Um beijo.

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  7. Gostaria de ter passado por Lisboa.
    Foi só para chegar e depois partir.
    Aquele abraço, boa semana

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  8. PEDRO COIMBRA

    Mas ainda havemos de nos conhecer por estes lados...

    Um abraço

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  9. Curiosamente ando há muito afastado das salas de cinema, de resto nem na televisão e/ou em qualquer plataforma electrónico assisto sequer aos filmes já fora do circuito das salas _ começo a crer que não existo, ao menos para a dimensão cinematográfica, de que por sinal muito gosto, inclusive ou quiçá em especial ao nível dos dito "cinema alternativo" de que a própria produção europeia e nacional é pródiga.
    De entre o que não posso, nem quero deixar de parabenizar e de agradecer ao estimado amigo João Menéres por ter trazido aqui esta sugestivamente rica e/ou culturalmente aliciante crónica de base cinematográfica, inclusive de maioritária produção nacional, alusiva a dilemas humanos, nas suas diversas e não raro paradoxais ou mesmo incompatíveis vertentes transversalmente globais/universais.
    Obrigado
    Abraço

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  10. Uma excelente e interessante exposição, pena não ter disponibilidade...
    Três grandes filmes, mencionados, que abordam a realidade nua e crua, tal como ela se apresenta, para tanta e tanta gente...
    Belíssima sugestão!
    Beijinhos
    Ana

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