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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

RELÓGIO / BREMEN

© João Menéres




AMOR E SEU TEMPO



Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.
É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe
valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.
Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

( Drummond de Andrade )

20 comentários:

  1. Na verdade, são muitos, Eduardo...
    E variam de tamanho !...

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  2. Magnífico! Fotografia e poema! Belo conjunto!
    Beijinho amigo! :-)

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  3. SANDRA

    Obrigado.O do Vinicius é melhor e talvez se adequasse melhor.
    Mas como é demasiado conhecido, optei por este.
    Hoje o frio e o vento continuam.
    Preciso de um tempo mais ameno para me aventurar à cata.

    ( Não capto o RTL 4... ).

    Um beijo grande.

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  4. Carlos Drummond de Andrade é um poeta a sério.

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  5. BEA

    Um dos meus favoritos sem dúvida.

    Um beijo.

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  6. Muito Belo !
    O ouro do Relógio sol de Bremen; o ouro do Poema de Drummond !!
    Beijinhos e parabéns pela magnífica ligação !!!

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  7. Sem dúvida um belo relógio. Muito bem cuidado e estimado.
    Até os vidros estão imaculadamente limpos...

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  8. Brilhante, este texto e a foto, maravilhosa e bem selecionada!
    beijinho

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  9. MARIA MANUELA

    Foi exactamente pelo ouro que escolhi este do Drummond.
    A Alemanha é um dos países que sabe cuidar do seu património.

    Um beijo amigo.

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  10. GRAÇA

    Poesia de Drummond não é frágil.
    Requer leitura concentrada.
    Ainda bem que também a aprecias.

    Beijo amigo.

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  11. Belo poema, acompanhado de uma maravilhosa imagem. Um relógio atraente, deslumbrante!
    Abraço

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  12. RUI PIRES

    É mesmo !
    Além de belo jardim, no Palácio estão dois museus.
    Um da Ciência. Outro da Porcelana.
    À saída é que vi bem o relógio.

    Um abraço.

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  13. ... tarde tão tarde ... que se fez noite ... cujo luar espera pelo repicar dos sinos ... ah! mas se houver luar e se o repicar soar ... então nunca é tarde, nunca é tarde ...

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  14. RASURAS

    Apreciei a veia e a artéria, isto é, a dupla mensagem contida em duas linhas, sendo uma apontada ao tempo e a outra ao amor.

    Grande e amigo abraço.

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  15. É verdade! Amor começa tarde...
    E quantas pessoas nascem e morrem, sem verdadeiramente saberem o que isso é... a descoberta de toda uma vida!
    Um enquadramento perfeito e impecável, João!
    E os detalhes da fachada... uma delícia, para nos perdermos neles...
    Poema e imagem, numa harmoniosa conjugação!
    Beijinhos!!! Boa semana!
    Ana

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  16. ANA

    Alguns até passam por ele e o não sentem...
    Outros, porém, bem podem sentir o que SILVA GAIO, no
    AUSÊNCIA, escreveu :

    Desde que, por não te ver,
    Vejo em tudo...noite escura,
    Resta-me só a ventura
    De duvidar em dizer :

    - Qual mais custa : se a tristeza
    Dum adeus amargurado,
    Se a dura e firme certeza
    De estar penando a teu lado.

    Agradeço-te quanto dizes,Ana.
    Fica o beijo sem tempo rotulado.

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  17. Adorei esta Ausência... tão presente por aqui, de Silva Gaio, que desconhecia!
    Grata pela partilha, João!
    Beijinhos
    Ana

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  18. ANA

    Ainda bem que te levei uma novidade pela mente do Silva Gaio !
    Mereces mais, muito mais !

    Um beijo amigo.

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