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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Tertúlias Virtuais



BRASIL


Para o tema Brasil, apresento um simbólico elo de ligação Brasil-Portugal : A Poesia e a Fotografia

Uma "CANÇÃO" DE CECÍLIA MEIRELLES e duas imagens de JOÃO MENÉRES


E é uma simples homenagem a um nome maior da Poesia Brasileira, talvez a mais conhecida, a mais cantada, a mais admirada em Portugal : CECÍLIA MEIRELLES (1901-1964).

Uma infância desventurada... É a própria, que assim a recorda:
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretaram muitos contratempos materiais, mas ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno"

Com nove anos, recebeu de Olavo Bilac a medalha de ouro por ter concluído o curso primário com "distinção e louvor".

Foi professora primária em várias escolas.

Em 1919, publicou o seu primeiro livro de poesias, escrito aos 16 anos.

Três anos depois, casa-se com o pintor português Fernando Correia Dias (a sua primeira "ligação" a Portugal).

Em Lisboa e em Coimbra, proferiu conferências sobre Literatura Brasileira.

Em 1939, a Academia Brasileira de Letras atribui-lhe o Prémio de Poesia Olavo Bilac. (Curioso este "cruzamento" , menos de trinta anos passados...).

Entre esse ano de 1939 e o seguinte, publica em Portugal, na Revista Ocidente, em capítulos "Olhinhos de Gato".

Em 1942, torna-se Sócia-Honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.

Viaja pelo mundo fora (Estados Unidos, Europa, Ásia e África), recebendo prémios e distinções várias.

Cecília Meirelles tem o seu nome em placas toponímicas de várias localidades portuguesas.

Está traduzida em muitas línguas. Isso, torna-a uma autora universal.

Muito mais, podia aqui ser referido, naturalmente.

No dia do meu aniversário, em 1957, comprei o livro " Moderna Poesia Brasileira". Logo aí, Cecília Meirelles me deixou marcas. Marcas que vivem no meu Eu.

Em Novembro nasceu, em Novembro morreu.

Considerando a vastidão do tema proposto, participo com uma poesia de Cecília Meirelles, intitulada:


CANÇÃO

Pus o meu sonho num navio

e o navio em cima do mar;

-depois, abri o mar com as mãos,

para o meu sonho naufragar.


Minhas mãos ainda estão molhadas

do azul das ondas entreabertas,

e a cor que escorre dos meus dedos

colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,

a noite se curva de frio;

debaixo da água vai morrendo

meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,

para fazer com que o mar cresça,

e o meu navio chegue ao fundo

e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito:

praia lisa, águas ordenadas,

meus olhos secos como pedras

e as minhas duas mãos quebradas.



fotografias © João Menéres

11 comentários:

  1. João,

    estavamos TODOS muito preocupados com a sua postagem! Finalmente as 14:20 horas do dia 15, entrou! Quem me alertou foi a Alice!
    Quanto à postagem em si, como sempre, muito oportuna e criativa! Belo texto, e suas fotos, como habitualmente, excelentes!
    Obrigado por mesmo estando do outro lado do Atlantico, aqui perto do porto de Santos, participar desta Tertulia aí em Portugal!

    Forte abço

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  2. Belo post, João! Não conhecia, gostei muito. Já tenho saudades dos teus comentários sempre tão pertinentes e acutilantes. Bom regresso. Bjs.

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  3. Eu errei na postagem automática!!!
    No meu blog também! MAS FOI! E foi com classe, linda CecíliaMeirelles dando o tom aqui no grifo com as imagens lindas de João e nossa expectativa de que ainda virão muitos e muitos posts mais!

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  4. É isso... O João estava difícil! Os últimos são os primeiros. Confesso conhecer mal a poetisa. Fiquei a conhecer melhor. As fotos são espectaculares. Bom regresso.

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  5. Já me tinha perguntado onde andaria o meu amigo João Menéres.
    Belo tema e excelentes fotografias (a que já nos habituou).
    Um abraço e bom regresso às lides.

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  6. João
    bela postagem, bela escolha de uma de nossas maiores poetisas e belas imagens.

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  7. João, que delícia vir aqui pela manhã e ler essa beleza de poema de Cecília, recuperando-me do meu humor por ter perdido a tertúlia ontem por falta de conexão.
    Uma beleza as imagens para esse profundo poema.

    bjs.

    JU Gioli

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  8. Bela escolha, lindas palavras... Aqui tá tudo lindo! Foi um prazer ainda maior participar desta tertúlia com um toque de cecilia...
    bjo
    e até mais!

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  9. EDUARDO,
    ROSEROUGE,
    EXPRESSODALINHA,
    JORGE C.REIS,
    PERI,
    JU,
    FRANCINE,
    CLAIRE
    Que bom terem gostado desta dupla Brasil/Portugal,
    jogado no "campus" neutro de Denver e arbitrado pela ALICE SALLES! ( para quem deixo um grande beijo.)

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  10. Espero, como nos relatou, que tenha feito, mesmo, uma boa viagem de volta! Uma pena o tempo pouco favorável, no rio e São Paulo. Isso nunca se pode prever!
    Espero para começar a ver fotos dessa viagem!

    Forte abraço

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